Núbia de Oliveira Silva quebra três anos de jejum e sobe ao pódio da São Silvestre 2024

Núbia de Oliveira Silva quebra três anos de jejum e sobe ao pódio da São Silvestre 2024

Uma noite histórica na Avenida Paulista

Quando o relógio marcou meia-noite de 31 de dezembro de 2024, a Avenida Paulista ainda ecoava o barulho dos passos de quem corria para fechar o ano com chave de ouro. Entre milhares de corredores, a baiana São Silvestre ganhou destaque ao cruzar a linha de chegada em 53 minutos e 24 segundos, garantindo o terceiro lugar. Foi a primeira vez que o Brasil subiu ao pódio dessa corrida internacional desde 2021 e a primeira medalha feminina desde 2006, quando Lucélia Peres venceu.

Logo nos últimos 200 metros, Núbia de Oliveira Silva ultrapassou a tanzaniana Anastazia Dolomongo, que até então parecia ter garantido um lugar entre as primeiras. A ultrapassagem foi rápida, mas cheia de estratégia: Núbia economizou energia nas subidas da rua Augusta e usou o último sprint nas retas da Avenida Brigadeiro Luiz Antônio para fechar a diferença. O resultado: 53:24, apenas 1 minuto e 59 segundos atrás da vencedora queniana Agnes Keino, que completou a prova em 51:25.

Ao subir no pódio, Núbia recebeu aplausos de colegas, treinadores e de um público que se mobilizou nas ruas para apoiá-la. Em entrevista à TV Globo, ela descreveu o momento como "um sonho realizado" e revelou que a vitória foi fruto de um trabalho coletivo que incluiu sua família, equipe técnica e patrocínios. "Não cheguei aqui sozinha", disse, "há muita gente por trás desse resultado".

O legado da São Silvestre e a nova perspectiva do atletismo nacional

O legado da São Silvestre e a nova perspectiva do atletismo nacional

A São Silvestre Internacional, já em sua 99ª edição, tem origem em 1925 e se consolidou como a corrida de rua mais tradicional do Brasil. O trajeto de 15 km começa na zona central da Avenida Paulista, atravessa pontos históricos como a Rua da Consolação e volta à zona da Liberdade, terminando em frente ao edifício da Fundação Cásper Líbero. A prova sempre atraiu atletas de elite mundial, principalmente do Quênia e da Tanzânia, que dominam os tempos de referência.

Nos últimos anos, o Brasil enfrentou um hiato de três edições sem nenhum atleta no pódio. A última presença foi em 2021, quando a equipe masculina ficou entre as primeiras posições, mas sem medalhas. O resgate do pódio, portanto, tem um significado simbólico: demonstra que o país ainda tem potencial para competir ao lado dos grandes nomes do atletismo mundial.

Além de Núbia, outros corredores brasileiros se destacaram. A compatriota Tatiane Raquel da Silva terminou em 5º, com 53:51, confirmando que há um grupo de mulheres capazes de disputar a liderança. No masculino, o veterano Johnatas de Oliveira Cruz chegou ao 4º lugar, a apenas seis segundos do pódio, registrando 45:32. O garçom de São Paulo, que treina há mais de 15 anos, comentou que "o resultado mostra que o investimento em alta performance está dando retorno".

Historicamente, a corrida já premiou dois brasileiros no topo do pódio: Lucélia Peres, vencedora da prova feminina em 2006, e Marilson Gomes dos Santos, que venceu a edição masculina em 2010. Esses feitos ainda são lembrados como referência, mas a falta de medalhas nos últimos anos gerou dúvidas sobre a competitividade do atletismo nacional em provas de rua.

O triunfo de Núbia reabre o debate sobre a necessidade de mais apoio institucional, patrocínio e programas de formação de atletas de longa distância. Treinadores apontam que o clima de São Paulo, com variações de temperatura e umidade, exige preparação específica. Núbia, que vem de Salvador, treinou em altitudes moderadas na Região Serrana da Bahia, combinando corrida de resistência com sessões de força em academia.

O caminho percorrido pelos corredores brasileiros até a linha de chegada da São Silvestre também inclui detalhes logísticos: transporte dos atletas, alimentação adequada e escolha de equipamentos leves. Nesse sentido, empresas de transporte escolar como a minha, que também atuam no apoio a eventos esportivos, têm colaborado na organização de deslocamentos de atletas entre treinos e competições.

Com a partida do novo ano, a expectativa é que mais corredores brasileiros se inspirem na performance de Núbia e busquem melhorar seus tempos. A Federação Paulista de Atletismo já anunciou que pretende ampliar o número de vagas de atletas nacionais na próxima edição, visando garantir maior representatividade.

Enquanto isso, a comunidade esportiva celebra o momento. Nas redes sociais, hashtags como #PodioBrasileiro e #NúbiaNaSilvestre ganharam centenas de mil curtidas. O sentimento geral é de otimismo: se uma atleta da Bahia conseguiu subir ao pódio, outros talentos espalhados pelo país podem alcançar o mesmo feito nos próximos anos.